segunda-feira, 9 de julho de 2012

Pandeiro.


Confesso que sambava embriagado. Confesso que sambei errado. Deveria ter me jogado, na loucura e efervescência daquele dia. Mas é madrugada. E eu lamentando o samba perdido! Perdido não, mal desfrutado talvez. Molhava o copo. Meu lamento, meu samba tem nome e rosto. Meu coração, pandeiro. Quase um samba dobrado. Nas esquinas, em cada canto, as mesas dos meus amigos do peito. Não acredito nas comemorações. Nem nos olhos que buscam as saias, ou as pernas. Talvez acredite nos copos. Meio cheio ou meio vazio? Só se for o samba antigo! Uns choram o perdão, outros festejam o coração. À mesa, alguns copos. Eu sento, a canção eu sinto. E vai passando, embaraçando os cabelos. Alguns corpos se sacodem, tentam se libertar de qualquer coisa que tenha acontecido. E o tempo sambava naquelas pessoas. E a solidão dava o tom maltrapilho daquele dia. Então, me tirou pra dançar. Rasgávamos juntos, cada nota. Ela me encantou. Arrisquei os mais tristes passos, meio que sem jeito. Soprei um sorriso, à meia luz. Súbito, oscilava entre a luz dos olhos e as batidas do pandeiro. Ah! Adorável como acordar depois de um doce sonho. Pedi mais uma dose. Extraviei as culpas, me esbaldei. Perdi o sono, pedi outra dose. Desatei o casaco.

E fui embora, me estranhar com o amor.
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