Uns dias parados, como num engarrafamento. Tem uns nomes na ponta da língua, um sentimento na ponta do cigarro. Na ponta dos dedos, uns riscos. Rabiscos estranhos. A noite cai, estúpida e rápida. Como a sombra, eu sou e não sou. Meus rabiscos rascunhados, fagulhas de poemas, romances diluídos no álcool, contos mortos que permanecem na segunda nebulosa. Desenho alguns bustos, as mãos luxuriosas procuram o prazer. Na penugem da sombra, meu dom brota melodicamente. Desabam carnes e ossos: o corpo no chão, uma poça de vinho derramado. Uma raridade no beco da vida, a pita apagada na poça. A embriaguez, em retirada, se engarrafa de novo. Nubla os olhos, e acaba tropeçando em algum copo. A língua pincelando os lábios, furtando as últimas gotas, o batom é quase um vocábulo. Agora a vida jorra no papel.
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