quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Do Mar.




Por ser sereno e tranquilo, o mar é eterno. Por ter a paciência do infinito, por infinitar sua paciência e salgar corpos retorcidos. A ponte da areia e da nuvem, onde a lua encontra o leito e pousa, e re-pousa e dispensa olhares. Recortes de instantes, captar a totalidade insípida, como chuva condensada. Á beira, sentado na esquina do mundo, um receio de saber o outro lado. E nadar, e nadar, e nadar... e nada. Nada, o tempo todo. Incolor, dissabores salubres cobram penitência com falsas pegadas na areia, que o mar insiste em querê-las. Quer os passos dados, por não saber dar passos. Traga pra dentro de si toda aquarela de matizes dispostas num raio de sol, que o olhar tanto se esforça para desconstruir e chamar de arco-íris. Exageros de contemplações em fins de tarde com um pôr-do-sol que virá laranja-vermelho, plácido e cálido, alimentar as últimas cores. Acalantar o abraço doce da noite, com declarações rasgadas de amor pra sempre. Até se pôr, invadir o mar. E ir bater na areia, fazer morada nas ondas. E nadar, nadar, e nadar. E nada, o tempo todo.

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