domingo, 12 de fevereiro de 2012

Corpo Nu.


Atropelar a estética e distribuir os devires sobre as linhas do corpo. As facetas se diluem, as lágrimas orvalham. Aparentemente, as pessoas levam as palavras a sério. Nas palavras, as aparências parecem ser levadas a sério. E pra uma seriedade, nada mais limitante do que ser encontrada em qualquer canto. Desnudar esses entremeios, fazer ver aquela fecunda e informe massa material. Tão desgastadamente retida em lápis, sombras e maquiagens as mais variadas.  Uma parte dela, a face, conhece apenas os rumores de algumas bocas. As personagens se despersornalizam em instantes: basta jogar água fria. E o que se vê de alguém, se vê a alma. O flexível e incorruptível plástico, embalado numa sensibilidade pueril. Improvável prescrutar a limpidez de algo que se estagna em um canto só. Mas esquecemos o corpo.
O influxo corporal é habitado por dobras. Território sensível, sujeito a orgasmos. Sem disfarçar, um corpo nu. Tenho uma nostalgia pálida dos tempos que se viam como se fosse o primeiro acontecimento. As cores da superfície encabeçam a lista de imperfeições. O corpo é um papel.

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