domingo, 22 de abril de 2012

Duas noites.


Duas noites no deserto. Às claras, as perguntas seguem o carro no tráfego. Desenlaçar o presente sobre a mesa: pratos, marcas de batom nas taças, alguns restos e rosas caídas. Areia adentrando os tênis, beijos molhados guardados, agora úmidos. Um quarto mutilado por roupas espalhadas, rachaduras nas paredes e a marca do tempo (acaso?) flutuando entre os pôsteres. Seu corpo, bússola ou bálsamo sem saber direito a direção, túrgido. A luz acesa da televisão, os cabelos escondendo o rosto - o jogo. Porta batida, encostada em seu canto. Tamanha força, sem precisão. Espelho trincado, centro onde se repartia - repetia - a imagem. Ou se colava os restos. Talvez, um mapa. Rasgou o chale, o lenço, o lençol, deixou tremendo as mãos. Pensou em se mudar, morar mais perto. Entre um gole e outro, não era a santa das taças de vinho, era testemunha das horas.

Segunda-feira tudo está no seu lugar.

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