terça-feira, 24 de setembro de 2013

Zelo.


Arrasto meus desconfortos para o transe do silêncio. Meu mundo flutua no cotidiano. 

Resgato as aproximações desistindo de conviver comigo mesmo. Escutem. Escutem meus lábios que se abrem apenas para mordidas. Ouçam minhas lágrimas como ouvem a chuva batendo na janela. 

Meus murmúrios secos dentro da presença inchada. Porque toda permissão é incomunicável. Quero viver os livros que não escrevi, para toda a poesia que já vivi. 

Minha vida cuidada. Minha vida a cuidar. Saudade é não conseguir mudar nada. Clichês cuspidos na calçada. Uma letra do Robert Smith na voz de Johnny Cash. Roupas dispensáveis ao pé da cama. Os sonhos lúcidos no travesseiro. Os outros ejaculados num poema. O corpo avarandado. 

O cigarro nunca tragado, ridicularizado. O coração unânime. A desimportância desafiando. A bagunça aguentando. A segurança claustrofóbica. O riso em banho-maria.

O olhar em vanguarda. Um porre cruel. A permanência da vontade. A insistência da memória. Confissão ignorada. A sinceridade comovida. A surpresa suspensa.

A dor suja, incapaz de tirar uma foto.
O hoje lento.

A alegria tentada.

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