sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Lanterna.


Espaço, habitação, lugar. Em que cortina se esconder? Chão, labirinto, parede. Fumaça, corredores escuros ou amaldiçoados. Vulcões, formações geológicas, desertos, cadeias montanhosas. Terra, azulejo, poeira. Cimento, talvez. Portas fechadas e abertas. Não deixar sair ou não deixar entrar? Abertura e clareira. O corpo é inóspito. O mundo exorta, regurgita cadáveres putrefatos. Não se comporta, não se suporta! O peso de ter que carregar sua própria história. E o encontro com o semelhante, que atravessa a pele e invade o sangue. O alheio. Que arrebata caudalosamente cada sensação. Portas abertas fecham. Portas fechadas abrem. Saem e entram coisas, um fluxo ativo de afetos que circulam pelo corpo. Há portas que não abrimos sozinhos. A invasão alheia estrangula possibilidades, destroça paredes, deixa um escombro interno. Mas as portas fechadas não se abalam, e deixam algo dentro. Nem que seja o vazio, fatalista como há de ser. As portas fechadas impedem, excluem. Mas salvam. Ser apenas o movimento. Não ser os passos, nem a distânica. Habitar o afeto, morar na clandestinidade de si mesmo. Ser o não-ser: eis a questão.

Um comentário:

  1. Puta merda...tem que comentar!? Rsrs
    Simples, claro, pra lá de bom...Dá uma vontade no leitor de bater portas, de gritar! rs
    Parabéns por mais esse post Matheuzi! \o/

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