quarta-feira, 24 de julho de 2013

Carmen Maura e Marisa Paredes perderiam pra mim.


Sim, sou uma das mulheres do Almodóvar. Mas as ultrapasso em dramas e crônicas. Quente, forte, à beira de um ataque de nervos, histérico que sofre de arte crônica - um mau hábito, talvez. Meus segredos floreados, flores de túmulo, flores do meu corpo. Em pele e em pelo, arrepiado. Daqueles que não disfarçam o incômodo sem transformar-se numa estátua de sal. Uso o salto alto das palavras, de onde componho meus melodramas - seja esburacando minhas entranhas e atirando-as, seja implodindo os ossos do ofício a cada vez que me dedico. Flerto com a loucura sustentando a violência dessa paixão descarnada, expulso os amores para a pele - eles me sufocariam se permanecessem incólumes. 
Carrego a alma assim. Sem maquiagens exóticas - no choro, o que borra é o rímel do tempo - nem pesadas, não sei esconder minhas fatalidades. Meus afetos prismados, assim, incontroláveis e espalhafatosos são arrogantes de tão brutais. As cores berrantes se encontram diluídas no meu sangue, nota-se pela palidez vanguardista da minha cor. Não choro pelas partidas, mas desespero pelas ausências. De constância, só esse enredo almodovárico. Não, não sou estável. Nem um pouco. Sou um perpétuo indolente, que oblitera a vida para sangrar à arte. 

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