domingo, 23 de setembro de 2012

São Paulo VII - Amour.

"Há tanta coisa a ser feita e ser escrita e vivida que acho besta perder tempo." Essa frase caiu numa madrugada onde minhas reações descabidas foram retalhadas por suas próprias impossibilidades. Ouvir o choro sem poder ir afagar, escutar a voz clamando por atenção e não poder dar-se inteiro. Minhas lamentações quase escaparam pelos olhos. Madrugada morna, apesar do frio extensivo. Devassa e silenciosa, imprevisível e alucinada: a madrugada paulista desfaz ilusões e coloca em seu lugar uma nostalgia, uma despedida amarga. Minhas horas deitado na cama, sem dormir. Saí cedo, voltei pro apartamento. Não tive vergonha nem medo de mostrar o mar salgado que carrego nos olhos diante de desconhecidos sentados no metrô. Andei à tarde, me desmontei numa peça de teatro. Me despeço de São Paulo: sei que uma parte grande de mim ficará aqui. Talvez volte pra buscar; talvez, por ter deixado em cada esquina, não mais encontre. Mas tirei algo do fundo de mim mesmo, e carrego na pele: o amor é o supremo ato de criação e insanidade.

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